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Epilepsia do idoso


Uma crise epiléptica ocorre quando um grupo de neurônios no córtex cerebral emite uma descarga elétrica repentina e intensa, resultando numa variedade de sintomas clínicos. Esses sintomas dependem da área afetada pela descarga e de sua propagação para áreas adjacentes, e podem incluir perda de consciência, distúrbios nos movimentos e alterações sensoriais e vegetativas, especialmente em idosos. Crises prolongadas ou recorrentes podem levar a sequelas graves. Abaixo listamos algumas perguntas respondidas pelo Prof. Dr. Moacir Alves Borges.


1. Fale sobre as crises epilépticas nos idosos.

O aumento global na expectativa de vida tem levado a um aumento significativo na incidência de crises epilépticas entre a população idosa. Por exemplo, a incidência de crises de início agudo em indivíduos com mais de 60 anos é superior a 100 por 100 mil pessoas. As principais causas de epilepsia nessa faixa etária estão relacionadas a distúrbios do sistema nervoso central (SNC), sendo o acidente vascular cerebral (AVC) responsável por até 40% dos casos. Fatores de risco para epilepsia pós-AVC incluem AVC hemorrágico, envolvimento cortical, início precoce (até 2 semanas após o AVC), hematomas cerebrais e AVC recorrente. Além disso, doenças degenerativas (11,7%) e neoplasias do SNC (4,5%) são outras causas comuns de epilepsia após os 65 anos.

2. Quais são os principais tipos de crise epiléptica no idoso?

As crises parciais, com ou sem generalização secundária, são o tipo mais comum de crise entre os pacientes idosos, sendo as crises parciais complexas as mais predominantes, representando 48% dos casos. Em um estudo retrospectivo envolvendo 190 pacientes diagnosticados com epilepsia após os 60 anos de idade, Kramer descobriu que 76% tiveram início antes dos 50 anos. As epilepsias foram classificadas como generalizadas em 17,4% dos casos, parciais em 76,3% e indeterminadas em 6,3%.

3. Quais são as dificuldades diagnósticas no paciente idoso?

Obter informações precisas sobre as crises dos pacientes e seus cuidadores é um desafio significativo. Nesse contexto, é crucial considerar os seguintes diagnósticos diferenciais: síncope de origem cardiogênica, acidente isquêmico transitório, amnésia global transitória, vertigem paroxística benigna e até mesmo manifestações de Alzheimer.

4. Qual o impacto das crises na qualidade de vida do paciente idoso?

As crises epilépticas representam uma séria ameaça à vida dos pacientes idosos, devido às alterações metabólicas e estruturais que os tornam mais suscetíveis a danos cerebrais. Entre os desafios enfrentados estão hemorragias intracranianas, estados pós-ictais prolongados caracterizados por confusão e déficits de memória, além do agravamento de sintomas neurológicos pré-existentes, como hemiparesia e afasia. Essas complicações, frequentemente incapacitantes, destacam a importância de um tratamento agressivo e/ou supressão das crises epilépticas nessa faixa etária para garantir o bem-estar dos pacientes.

5. Como tratar as crises epilépticas no idoso?

Além dos desafios já mencionados, os idosos enfrentam dificuldades para descrever os efeitos adversos das drogas antiepilépticas (DAE), o alto custo do tratamento e a falta de adesão devido a distúrbios visuais e/ou cognitivos associados à idade. Considerando que as crises parciais são predominantes nessa faixa etária, as DAE mais eficazes incluem fenitoína, fenobarbital, carbamazepina, valproato de sódio, lamotrigina, lacosamida e levetiracetam. Embora as DAE tradicionais sejam amplamente utilizadas devido à sua eficácia, os numerosos eventos adversos associados a elas muitas vezes limitam seu uso em idosos. Nessas circunstâncias, as novas drogas podem ser preferíveis devido à melhor tolerabilidade e perfil farmacocinético, resultando em menor probabilidade de interações medicamentosas.

Prof. Dr. Moacir Alves Borges – médico neurologista - CRM 21499


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