Terapia é acima de tudo, um ato de autoamor
- revistanovaversao
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Embora muitas pessoas já tenham descoberto — e se beneficiado — do valor da terapia, ainda encontramos muitos obstáculos para essa entrega.
Realmente, entregar-se a um processo terapêutico é, antes de tudo, autorizar-se a amar-se da forma como realmente se é.
Fomos educados sob a vigília da comparação e da perfeição. E, onde a comparação é a régua de medida, a autoestima inevitavelmente é baixa. Onde a perfeição é o ponto de chegada, a insatisfação é certa.
Mas qual a real função da terapia dentro da nossa saúde?
Já sabemos, há muito tempo, sobre a importância do aspecto emocional em nossa saúde — seja física, psíquica, social, profissional, sexual, afetiva, financeira ou em qualquer outra área que envolve nossa atuação
A questão é que, geralmente, enxergamos apenas o que não está satisfatório para nós, sem perceber que esse “defeito” é consequência de vários outros fatores que nos regem sem que tenhamos consciência.
Sim, estou falando das emoções. A maioria das nossas escolhas e reações é feita de forma inconsciente, embora relutemos contra essa ideia. Nossas emoções não ocupam um campo secundário; ao contrário, são elas que moldam as lentes através das quais enxergamos os acontecimentos da vida.
E como essas emoções se formam em nós? Através das experiências vividas — principalmente nas fases de molde, que são as etapas do desenvolvimento infantil.
Muitas pessoas se defendem da terapia dizendo que não tiveram nenhum trauma e que simplesmente são como são. Mas, quando iniciam um processo terapêutico, percebem que a verdade é muito diferente do que imaginavam. Descobrem que aquilo que acreditavam ser apenas uma característica pode esconder dores profundas; que aquela história engraçada que costumavam contar sobre si mesmas, na verdade, pode revelar um trauma vivido que ainda as domina.
É importante entender o que é um trauma. Embora o termo nos remeta a algo trágico, um trauma não depende necessariamente da gravidade do que aconteceu, mas sim da forma como a criança se sentiu, de quanto foi acolhida pelos adultos envolvidos e da frequência desses eventos. Há brincadeiras carregadas de desrespeito, humilhações, medos e outros sentimentos que, quando vividos repetidamente, podem moldar a forma como nos enxergamos. Deixam de ser apenas episódios esporádicos e passam a ter um efeito duradouro e real.
Isso, futuramente, pode definir o adulto que seremos.
Portanto, as emoções negativas podem direcionar nossa conduta sem que tenhamos consciência. Por exemplo: posso acreditar que sou controladora porque sou muito exigente, mas, no fundo, o que temo é a culpa de ter falhado em alguma situação marcante (mesmo que essa culpa não tenha sido real). Posso me mostrar ciumenta por ser desconfiada, mas, na verdade, apenas evito relacionamentos por medo da rejeição ou do abandono já vividos.
E assim podemos passar grande parte da vida tentando corrigir uma questão que nunca mudará se não encontrarmos a razão de sua existência.
Esse é o poder da terapia: descobrir que, muitas vezes, aquilo que chamamos de defeito é apenas uma defesa que nos permitiu sobreviver às dores.
Compreender que as dificuldades não são fruto da fraqueza, mas sim a fonte da força que nos trouxe até aqui. E se, mesmo com desafios, conseguimos chegar até este ponto, podemos ir ainda mais longe quando nos libertarmos dessas amarras.
Portanto, a terapia é um processo de autoamor, pois, com o tempo, substituímos as críticas por acolhimento, admiração e autorizações.
Não se faz terapia por curiosidade. Faz-se terapia por amor à nossa existência e à vida que recebemos de nossos pais.
Serviço:
Contato: (17) 98147-3733
Instagram: @valteixeira_psi






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