

Seu negócio é bom o bastante para continuar existindo?
Ignorar o meio ambiente é abrir mão do seu futuro
Outro dia, ouvindo o podcast Nem negacionismo, nem apocalipse, do economista Gesner Oliveira, fiquei pensando em como essa frase poderia muito bem representar uma nova geração de empresas. Porque é exatamente aí que estamos: entre os que ainda negam os sinais da crise climática e os que se sentem paralisados por ela.
Existe, no entanto, um terceiro caminho — um caminho mais corajoso e necessário: o da ação consciente, com estratégia e responsabilidade.
A crise climática não é uma abstração científica. Ela já é uma variável de mercado. Está presente nos insumos que encareceram, nas entregas que atrasaram, nos clientes que mudaram de prioridade. Está nos campos alagados, nas lavouras queimadas, no aumento do custo da energia, na ausência de previsibilidade. E isso tudo afeta a operação, a margem de lucro, os prazos, a confiança e a continuidade do negócio.
As chuvas no Rio Grande do Sul deixaram milhares de empresas de portas fechadas por semanas. O afundamento dos bairros em Maceió expulsou pequenos comércios inteiros de suas raízes. As queimadas recorrentes na Amazônia e no Pantanal interrompem cadeias inteiras de abastecimento e colocam em risco setores como o agronegócio, o turismo, a alimentação e a exportação. O rompimento da barragem em Mariana devastou comunidades e apagou, da noite para o dia, dezenas de CNPJs locais. O fenômeno do El Niño, aparentemente distante, mexe com preços, logística, clima e mercado.
Não se trata de casos isolados. É uma tendência em aceleração.
E, no meio disso tudo, é comum ouvir que sustentabilidade ambiental não cabe na realidade das PMEs. Mas será que o que não cabe é a sustentabilidade — ou a ideia ultrapassada de que negócios existem à parte da vida?
Olhar para o meio ambiente dentro da estratégia é urgente — mas também é inteligente. Evita perdas silenciosas, previne riscos, fideliza clientes, atrai parceiros, antecipa exigências legais e posiciona a empresa com mais solidez em um mundo que já não funciona nos moldes antigos.
Regenerar é compreender que não basta causar menos impacto. É preciso devolver, recompor, fortalecer os sistemas dos quais o seu negócio depende. Quem incorpora esse olhar não só se adapta ao que vem, como ganha musculatura para crescer de forma mais resiliente, mais consciente e, sobretudo, mais relevante.
Ainda dá tempo. E dá pra começar de forma simples: revendo o que se consome, observando o que se descarta, rastreando de onde vêm os produtos e serviços, aproximando-se de fornecedores locais, conversando com a equipe sobre soluções cotidianas.
Cada pequeno ajuste é um realinhamento com o futuro. No mundo que se desenha, permanecer será um privilégio das empresas que souberem regenerar seus impactos, suas relações e o sentido do que oferecem.


