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Cuidar de gente é estratégia.
E começa dentro de casa.

O “S” bem feito movimenta o caixa

Maio é laranja. Outubro, rosa. Setembro, amarelo.

Cada mês ganhou uma cor e uma causa. E muitas empresas, na intenção de contribuir com algo maior, passaram a promover campanhas em torno desses temas.

Nada contra — muito pelo contrário. Conscientizar é importante. Mas usar os “meses coloridos” como única estratégia social pode ser, na prática, como aplicar uma maquiagem bonita em ambientes onde os processos continuam tóxicos e desiguais.

O pilar Social do ESG é muito mais profundo do que uma campanha pontual. Ele não mora nos posts do Instagram, e sim na forma como sua empresa trata pessoas — por dentro e por fora.

Colaboradores, clientes, fornecedores, comunidades. Não importa o tamanho da sua empresa: se há pessoas, há impacto social. E quanto mais responsabilidade e intencionalidade você coloca nessas relações, mais resultados você colhe — inclusive financeiros.

Pensar no social não é fazer assistencialismo. É fazer gestão de pessoas. E isso começa muito antes de um post apoiando o Maio Laranja.

Significa, por exemplo, oferecer suporte real a funcionárias que são mães solo ou vivem situações de violência, com políticas de acolhimento, flexibilidade e escuta ativa.

Significa mapear riscos sociais e comportamentais no ambiente de trabalho, garantir segurança psicológica e física, criar canais de escuta eficazes, oferecer treinamentos sensíveis à realidade da equipe.

Uma empresa de tecnologia pode revisar suas plataformas para não reproduzir exclusões nem reforçar estereótipos.

Uma indústria alimentícia pode se conectar a cooperativas locais de agricultura familiar, promovendo geração de renda com rastreabilidade e compromisso social.

Um pequeno comércio pode usar seu alcance para apoiar campanhas permanentes de proteção à infância, incorporando isso ao seu posicionamento.

Não se trata de verba — trata-se de prioridade.

O “S” do ESG é, na prática, a gestão consciente das relações humanas que sustentam o negócio. É garantir que processos de contratação, promoção e demissão sejam éticos e transparentes. É tratar as pessoas com dignidade, promovendo equidade, inclusão e respeito às diferenças.

É compreender que o bem-estar da equipe afeta diretamente a produtividade, a reputação e os resultados da empresa. Isso vale para quem tem três, dez ou quinhentos funcionários.

E mais: ser uma empresa comprometida com o “S” é ir além do que a lei exige.

Pode parecer óbvio, mas o óbvio precisa ser dito: cumprir direitos trabalhistas é o mínimo. Pagar em dia, seguir a CLT, conceder férias e recolher encargos garante que sua empresa esteja na base da responsabilidade.

Mas o que diferencia uma empresa são as práticas que não estão na cartilha — e sim na cultura:

Dar feedback com empatia, adaptar horários para quem cuida de um familiar, incluir quem tem menos acesso, ouvir quem pensa diferente.

Pequenos gestos, quando incorporados à rotina, constroem grandes culturas.

Como sua empresa age quando ninguém está olhando?

Trabalhar o pilar social com estratégia é cuidar de pessoas com o mesmo zelo que se cuida do financeiro. É alinhar discurso e prática. É criar um ambiente onde as pessoas queiram ficar, crescer e colaborar — e, por isso mesmo, onde os resultados aparecem.

Empresas com equipes engajadas são comprovadamente mais produtivas e lucrativas.

Negócios que cuidam bem de seus colaboradores reduzem drasticamente o turnover, evitam passivos trabalhistas e constroem uma reputação que atrai talentos e fideliza clientes.

Além disso, conseguem acessar mercados mais exigentes, obter linhas de crédito diferenciadas e, muitas vezes, cobrar mais por seus produtos e serviços — porque entregam valor percebido.

O “S” bem feito movimenta o caixa.

Responsabilidade social não é doar uma cesta básica no Natal.

É criar vínculos consistentes com quem está dentro e fora dos muros da empresa.

É reconhecer que, além dos colaboradores, há uma rede de relações com fornecedores, clientes e comunidades que também merece cuidado estratégico.

Empresas que realmente assumem o pilar social entendem seu papel como agentes de transformação local.

A Natura, por exemplo, ao desenvolver a linha Ekos em parceria com comunidades da Amazônia, criou uma iniciativa que é ao mesmo tempo social, ambiental e estratégica. Esse tipo de atuação pode — e deve — ser traduzido para o universo das pequenas empresas.

Uma confecção local pode gerar renda ao trabalhar com artesãs de regiões vulneráveis.

Um restaurante pode valorizar ingredientes da agricultura familiar e fortalecer produtores de base agroecológica.

O segredo está em alinhar propósito e operação, responsabilidade e resultado.

Essas empresas se conectam com escolas, ONGs, cooperativas e redes de apoio porque entendem que, ao fortalecer o território onde atuam, fortalecem também seu próprio ecossistema de negócios.

Ao fomentar educação, inclusão e desenvolvimento local, elas criam territórios mais saudáveis, consumidores mais conscientes, parceiros mais preparados e um entorno que impulsiona a sustentabilidade do seu crescimento.

Elas geram oportunidades, incentivam o empreendedorismo na cadeia produtiva e fortalecem o tecido social onde estão inseridas — com coerência, alinhadas ao seu core business, com metas, indicadores e continuidade.

Ser socialmente responsável é garantir que sua atuação não explore, omita ou negligencie as pessoas ao seu redor.

É ampliar o impacto positivo e, ao fazer isso, ampliar sua relevância, sua reputação e seu mercado.

As empresas que se destacam são aquelas que entenderam:

ESG não é bandeira de marketing. É estratégia de sobrevivência.

E, no caso do “S”, isso significa: saber cuidar de gente — por dentro e por fora.

No próximo artigo, vamos falar sobre o “E” do ESG.

Porque, sim, o planeta também faz parte dessa equação.

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