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Mudanças na maternidade

Dúvidas, medos, vontades, dia a dia dos pais e a importância de uma rede de apoio


Diminuir a romantização em torno da maternidade pode parecer cruel para algumas mães de primeira viagem, que esperam ansiosamente pela chegada do primeiro filho.


Mas, na medida em que a sociedade avança, os comportamentos são modificados - e não é diferente com a gestação. Mesmo com tantas mudanças, cada vez mais, as mães continuam se cobrando e sendo cobradas socialmente, o que faz com que o sentimento de culpa possa surgir. Nesse momento, contar com ajuda profissional é de grande importância. Conforme a pediatra, Dra. Claudia Boutros, existe um desejo inconsciente - tanto do pai, quanto da mãe, de ter o bebê. “Já, na gestação, a mulher tem transparência psíquica, um estado de mente no qual a mulher fica muito mais vulnerável. O corpo dela muda por conta dos hormônios e porque ela tem um outro ser humano se desenvolvendo dentro dela e isso traz para essa mulher um lugar diferente, de mais vulnerabilidade. Ela começa a sonhar mais, ter mais medos e mais preocupações. Quando a realidade chega e se impõe, a mulher se assusta muito e, caso ela tenha um companheiro, isso o assusta também”. 


Desmistificar também o parto e a preparação da casa, para o bebê, também é importante. Segundo a pediatra, independente da mãe querer parto normal ou cesárea, a criança é quem dita a regra. “Quando o bebê chega em casa, ele vem com um poder devastador - e tudo o que era antes não é mais. A mãe não é mais a mesma, o pai não é mais o mesmo, a avó não é mais a mesma, a casa, os animais de estimação, as plantas, os funcionários, tudo muda com a chegada do novo integrante. O bebê tem o poder de modificar as coisas ao seu redor. Nos dias de hoje, as pessoas querem ter controle de tudo. Mas essa chegada se torna algo desconhecido e, uma mãe demora, pelo menos três meses, para conhecer o bebezinho. E isso, ela vai poder fazer com mais tranquilidade, se puder contar com uma rede de apoio: A mãe, a sogra, uma amiga bacana, uma boa funcionária e o pai da criança. E, quando não tem nada disso, a mãe precisa buscar ajuda - e é o que oferecemos por meio do projeto Ninho do Bebê, com grupo de bebês de zero a um ano, no qual as mães participantes apoiam umas às outras. O projeto tem como objetivo acolher as mulheres - com sala de parto voltada para o vínculo dos pais com o bebê. No hospital os profissionais fazem todo o acompanhamento para que a família se habitue, o mais rápido possível, com o recém-nascido. E assim que tem alta, vão para o consultório para ouvirmos e orientar sobre as dúvidas dos pais. Esse acompanhamento vai além da patologia. Ele tem um olhar pró-vínculo, orientando a rede de apoio para auxiliar nos momentos íntimos da mulher como comer, tomar banho e dormir. No projeto os grupos são montados conforme as dificuldades dos pais. São capacitados para que confiem em seus instintos e confiem neles mesmos, sem seguir os ensinamentos de outros pais, pois nenhum bebe é igual ao outro”. 


Ainda, de acordo com a pediatra, quando se fala em amamentação muitas mães se cobram por não conseguirem, ou por não terem leite suficiente. “Isso é completamente normal. Não conseguiu, está tudo bem! Precisou incluir a mamadeira, está tudo bem! As mães não devem se culpar.


Para fazer tudo que uma mãe sonha durante a gestação é necessário contar com ajuda. Temos que desconstruir que a mulher quando vira mãe tem que ser super-herói, linda, maravilhosa, desinchada, disposta para o sexo, disposta para receber. Ela tem que saber que não tem que estar disposta para tudo isso, ela tem que parar para se organizar, minimamente, nesse primeiro tempo de vida. E assim que pegar o jeito, aí sim ela vai ter um tempinho para passear com o bebê, para organizar o dia, a casa e cuidar de si e do restante da família”. 


Dra. Claudia Janette Boutros Carvalho – Médica Pediatra  CRM/SP - 66777 



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