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Hospital da Criança e Maternidade (HCM)

CardioPedBrasil® reúne crianças transplantadas em encontro em prol da doação de órgãos


Thomaz Antonio Suarez Rojas, arquiteto de 46 anos, lembra o dia em viu pela janela o coração que hoje bate no peito de Ethan Nallar, de 13 anos, chegar. Era dezembro de 2020, depois de uma longa caminhada que trouxe a família de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, até o Hospital da Criança e Maternidade (HCM), em São José do Rio Preto. Hoje, Ethan tem 13 anos, está saudável e se desenvolve plenamente.

Esses e outros momentos foram relembrados nesta segunda-feira, 22, durante o 1º Encontro CardioPedBrasil® das crianças transplantadas do coração. O pai do menino, Thomas, conta da boa recepção que teve no HCM e que fará o que estiver ao seu encontro para incentivar a doação de órgãos.”

A equipe da CardioPedBrasil® é capitaneada pelo Prof. Dr. Ulisses Croti, cirurgião chefe do Serviço de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica do HCM. Foram realizados 12 transplantes, sendo que nove crianças estão vivas, um número bastante elevado para uma cirurgia desta complexidade. Todas as que sobreviveram continuam sendo acompanhadas pelo serviço, que tem o objetivo de levar mais informações sobre cardiopatias para as famílias e para a sociedade.



Além da confraternização, o encontro teve o objetivo de discutir a importância doação de órgãos. “Essa é nossa maior dificuldade. Nossos orgulhos são nosso primeiro transplantado e o João Pedro e Emanuelly, que transplantados em menos de 24 horas em 2019. Eu fiquei 42 horas acordado, estava indo para casa com a roupa do centro cirúrgico, só me dei conta disso no elevador. Tudo isso é possível graças a uma equipe bem estruturada e empenhada em salvar vidas”, reforça Prof. Dr. Ulisses Croti.

A Dra. Alexandra Regina Siscar Barufi, cardiologista pediátrica, reforça que cada segundo conta quando se fala de transplantes. “O transplante é o último recurso no tratamento de uma criança. Quando ela está na fila, quanto antes fizer o procedimento, melhor. Já tivemos pacientes que morreram esperando e isso é muito triste. A doação é um ato de amor que salva vidas.”

O primeiro transplante foi realizado em fevereiro de 2010, em Paulo César Dutra Rocha, à época com 1 ano e 8 meses, hoje com 14 anos. A mãe dele, a empregada doméstica Gisele Dutra de Oliveira, conta que teve medo de perde-lo. “Mas graças a Deus tem esse trabalho importante que estão fazendo com as crianças para salvar a vida delas. A gente sabe que é uma dor muito grande perder um filho, mas está virando a alegria de uma família. Hoje ele tem uma vida normal, brinca, corre, come de tudo.”

Outra família que teve sua vida transformada pelo transplante é a da pequena Yzabelli Fermino Martins, de 4 anos. Em 2019, um exame detectou que o coração da menina era maior do que o normal para a idade. “Foi turbulento, mas graças a Deus deu tudo certo. Fui muito bem acolhida, ela está bem, graças a Deus. Dói perder alguém, mas deixar um pedacinho dele viver também é muito gostoso.”



Hospital do Coração da Criança

Desde a criação da CardioPedBrasil®, foram operadas mais de 6 mil crianças com cardiopatia. Atualmente, são feitas mais de 450 por ano. No Brasil, nascem aproximadamente 28 mil bebês com cardiopatias anualmente. Desses, pelo menos 24 mil vão precisar de cirurgia ou cateterismo, mas a capacidade nacional é de 9 mil cirurgias por ano, uma quantidade insuficiente, por isso muitos pequenos morrem sem tratamento.

“Hoje somos o maior serviço de coração da criança do Brasil e queremos aumentar nossa produção para mais de mil cirurgias por ano. Estamos engajados no sonho de construir o primeiro Hospital do Coração da Criança. Existem mais de 300 cardiopatias e elas precisam de tratamento”, explica Prof. Dr. Ulisses Croti.

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